sexta-feira, 15 de maio de 2009

Decretada situação de emergência em distritos de Feira

A falta de chuva na fase de floração e frutificação, associada à ação de pragas, pôs a perder metade da safra de inverno das plantações de feijão e milho dos pequenos lavradores de Feira de Santana – distante 110km de Salvador. Técnicos da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário (EBDA) registraram a perda superior a 50%, em média, das lavouras das duas culturas da região. O prefeito feirense José Ronaldo Carvalho decretou situação de emergência em sete distritos do município – Maria Quitéria, Jaguara, Bonfim de Feira, Tiquaruçu, Humildes, Jaíba e Governador João Durval Carneiro – na última sexta-feira.
Além de contabilizar os prejuízos, só restam aos agricultores esperar pela liberação do seguro-safra. O processo demorará pelo menos um mês. Mas nem todos terão direito às cinco parcelas de R$110 do benefício, que totalizam R$550. Apenas verão a cor do dinheiro aqueles que pagaram, no início do ano, a taxa de R$5,50 de adesão ao programa anual de garantia da safra. A Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (Seagri) informa que até 2.312 pequenos produtores da área poderão receber a ajuda.
Este ano, não adiantou iniciar o cultivo em 19 de março, dia de São José, padroeiro dos agricultores. O quadro é de desolação nas pequenas roças dos distritos de Feira de Santana. Em alguns casos, nada do que foi plantado pode ser aproveitado. É a situação da lavradora, Regina Ferreira dos Santos, 60 anos, que vive na localidade de Campestre, no distrito de Humildes. Do cultivo da safra de inverno, iniciado entre os meses março e abril, nenhum pé de milho prestou.
Na pesquisa de amostragem realizada em agosto nos distritos de Feira de Santana, os técnicos identificaram perdas médias de 53,9% da cultura de feijão e de 46,7% da de milho. Os motivos apontados foi o “déficit hídrico” nas fases de floração e frutificação da lavoura associada à ação de pragas. O prefeito José Ronaldo explica: “Feira de Santana não está em seca. Mas a chuva não veio na época específica em que os pés de feijão e milho começam a se desenvolver”
As explicações técnicas não conseguem consolar dona Regina. “No ano passado, a colheita foi tão boa que deu até para vender para fora. Agora não tem milho nem para as galinhas. O que me salvou foi o amendoim”, diz desanimada. Já aposentada com um salário mínimo por mês, a trabalhadora rural não tem direito ao seguro-safra. Ela não fez a inscrição no início de 2007.
Neste sentido é diferente a situação da agricultora Sueli Vila Verde, 39 anos, que também vive em Humildes. Ela aderiu ao programa de garantia da safra e espera receber, em breve, o total de R$550 do seguro. Sueli perdeu quase 100% dos pés de feijão e de milho que plantou. “Tem ano que chove tanto que a pé fica aguado. Agora ocorreu justamente o contrário: não choveu como devia”.

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